sábado, 1 de março de 2008

Gustavo Ioschpe defendendo as faculdades ruins

Trabalho numa faculdade pequena.
Tive a oportunidade de participar de algumas visitas do MEC, as conhecidas comissões.
São momentos fundamentais de avaliação e direcionamento do trabalho universitário.
O MEC, nessas comissões, pede o mínimo do mínimo: espaço para pesquisa, seriedade no currículo, capacitação e qualificação do corpo docente, estrutura física condizente com o curso implementado. Ao contrário de boa parte dos empresários do ramo da educação e professores das instituições particulares, apóio irrestritamente as exigências feitas pelo MEC. Tem que cobrar mesmo, senão os mantenedores NÃO FAZEM! É uma fiscalização necessária.
Na última comissão, não lembro de uma (uma sequer) pergunta dos avaliadores que não fosse absolutamente pertinente. Cobraram da faculdade o que têm de cobrar, e a faculdade se prontificou a realizar as mudanças sugeridas.
Por isso, fiquei absolutamente surpreso ao ler o texto de Gustavo Ioschpe sobre o direito à ruindade, em seu blog na VEJA. A argumentação passa, a meu ver, por dois problemas.
Primeiro, há a crença de que o indivíduo que opta por uma faculdade é adulto e tem os referenciais necessários para escolher conscientemente seu curso de graduação. Sim, ele é adulto; mas ser adulto nada tem a ver com conhecer a fundo a educação, de forma a saber como escolher um curso de graduação. Mesmo que tivessem esses referenciais, as pessoas poderiam ser enganadas, sim, pois existe todo um trabalho publicitário que esconde deficiências e vende o que não existe (ou a propaganda enganosa é uma invenção da esquerda?). E todo-mundo-sabe (Ioschpe inclusive) que os sistemas de avaliação de cursos tem vários problemas, alguns até relacionados à idoneidade dos avaliadores.
O segundo problema é o da redução do argumento ao pior cenário possível. Ioschpe diz que é melhor o estudante fzer uma péssima faculdade que deixar de fazer a faculdade, e que esse estudante não está sendo enganado. Concordo: é melhor cursar que não cursar. E discordo: ao escolher cursar, o estudante espera que a faculdade o habilite a exercer com competência a profissão dentro da área escolhida. E que certifique essa habilitação com um diploma. Se o MEC chega à conclusão de que a instituição não tem como oferecer isso, por que o aluno se matricularia? Só para obter o diploma? Ioschpe diz que o governo não precisa proteger o cidadão de si mesmo. Mas o diploma não é para o cidadão. É para a sociedade. É para certificar, por exemplo, que um médico ou advogado está apto a exercer aquela profissão, e que nele posso confiar enquanto paciente ou cliente. Pois se o aluno, enquanto profissional, não cumpre as exigências mínimas de seu cliente em sua área de atuação, não pode o cliente reclamar de propaganda enganosa? Não posso processar um médico por erro médico? Dizer que o diploma em faculdade ruim não compromete equivale a dizer que a faculdade não tem compromisso com a qualidade de seu ensino nem com a sociedade para a qual forma profissionais em diferentes áreas de atuação. Se a faculdade não pode atender às exigências mais básicas para a formação de um profissional, ela TEM DE FECHAR!
Concluindo, achei o texto curioso, pois Ioschpe é um dos arautos da qualidade de ensino no país. Creio que há entrelinhas que não percebi nessa defesa da picaretagem de 3º grau. Gravataí Merengue pode ter alguma informação que me ajude.

Uma geral sobre o Bender Blog

Visitei o Bender Blog recentemente, por causa de uma sugestão para associar o Nassif à Veja no Google.
Fiquei impressionado com a qualidade técnica do trabalho. Realmente, o Bender manja muito de internet e navegação.
O blog trata de tudo, comenta notícias e quase-notícias, faz brincadeiras, está antenado com o universo blogueiro.
Parece-me também que há um espírito irônico e bem-humorado em alguns posts, embora eu não tenha conseguido entender certas piadas (talvez uma maior visitação me familiarize com o estilo do autor).
Mas o que mais me chamou a atenção foram postagens sobre internet, com curiosidades e avisos sobre spams e coisas do gênero, e o grande número de listas disponibilizadas pelo blog (adoro listas).

Deixo o link e a recomendação para visitação.